Nas postrimeiras do século XV, Andrea Sansovino foi trabalhar para o rei João II de Portugal; parece que se tinha a sensação de que os italianos, com o seu monopólio quase exclusivo da arte antiga, possuíam também o dom do qual era correto dentro da arte.49
Em torno da corte de João III criou-se um foco de humanismo segundo o modelo das cortes italianas. O Renascimento impôs-se nas cidades de Coimbra, Tomar e Évora com tanta força que nesta região do Alentejo custou a posterior implantação do Barroco. A escultura portuguesa manifestou-se assim mesmo italianista no seu primeiro Renascimento, sendo as suas principais obras três formosos relevos no claustro da igreja de Santa Cruz em Coimbra, lavrados por artistas portugueses:
- Jesus Cristo diante Pilatos
- Passagem da cruz nas costas
- Missa de São Gregório
Procedente da França, o artista Nicolau de Chanterene realizou em 1515 os sepulcros reais para esta igreja de Coimbra. Em 1517 encarregou-lhe o pórtico central doMosteiro dos Jerónimos e as figuras orantes do rei Manuel e a rainha Maria; entre as muitas obras deste escultor encontra-se o retábulo em alabastro do Palácio Nacional da Pena para a cidade de Sintra. Chanterene praticou também a arte do retrato com bustos de grande realismo.50
Em Coimbra encontravam-se outros dois escultores também franceses: João de Ruão e Filipe Duarte ou Orarte, vindo este último de Toledo e que foi contratado para realizar o grupo de A Cena, que foi concluído em 1534 com um realismo extraordinário em atitudes agitadas e impetuosas. O grupo conserva-se atualmente no Museu da cidade de Coimbra. Ruão trabalhou num retábulo da capela do Sacramento da catedral desta cidade; também destaca o púlpito que fez para o mosteiro de Santa Cruz. Este artista chegou a montar uma oficina importante, na qual esculpiam um grande número de obras. Em meados deste século pôde se apreciada a influência espanhola em diversas obras do mosteiro de Belém, como num Crucificado de madeira cujo estilo é similar ao do círculo de Diego de Siloé.51
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