quarta-feira, 10 de junho de 2015

Escultura Italiana

Enquanto no resto da Europa imperava ainda a arte gótica, na Itália começa no século XV o Quattrocento. É o momento em que triunfa o homem e a natureza. A escultura vai pela frente da arquitetura e da pintura, desenvolvendo-se vertiginosamente. Os seus antecedentes decorreram ao sul da Itália, na corte de Frederico II, sob cuja proteção nasceu uma escola artística que trazia luzes do que seria o Renascimento do século XV. Foi a região da Toscana durante o anterior período trecentista que herdou esta nova maneira de fazer escultura na figura de Nicola Pisano, seguido pelo seu filho Giovanni Pisano, e depois Andrea Pisano (primeiras portas de bronze do Batistério de Florença) e Nino Pisano.

Púlpito do batistério de Pisa, de Nicola Pisano, precursor do Renascimento na Itália.
Nicola Pisano (assinava as suas obras com este apelativo), cujo nome era Nicola de Puglia, chegou desta região do sul da Itália para estabelecer-se em Pisa (Toscana). Em Pisa (como na maioria das regiões da Europa) mantinha-se ainda a arte românica e o gótico começava a empregar-se. Nicola Pisano recebeu o encomenda de lavrar o púlpito do batistério da catedral desta cidade. Fê-lo seguindo as novas correntes aprendidas na Apúlia, sobretudo pondo em relevo a forma clássica do Hércules nu. Esta obra, o púlpito, é considerada como precursora do Renascimento italiano.23
Após destes antecedentes, será a cidade de Florença - cidade próspera nestes momentos, com a poderosa família dos Medici, mecenas e promotores da arte-, que tome o protagonismo na figura do seu melhor representante: Lorenzo Ghiberti. A partir deste momento já não se detectará nenhum indício nem lastro medieval. A escultura florentina será durante século e meio a dominadora do retrato de busto, do equestre, do relevo e do bulto redondo. O material empregue por excelência neste período foi o mármore, seguido do bronze.
GhibertiDonatello e Jacopo della Quercia como os melhores, seguidos pelos de della RobbiaVerrocchioAntonio Pollaiuolo e Agostino di Duccio, formaram o grupo de grandes escultores da escola florentina do Quattrocento.

O Davi de Donatello.
Esta etapa do Quattrocento começou com a obra escultórica dos relevos das portas do Batistério de Florença realizados por Lorenzo Ghiberti, um escultor de vinte anos. O Batistério já tinha duas portas lavradas por Andrea Pisano em 1330, e em 1401 foi convocado um concurso para as outras dois remanescentes. O concurso foi gado por Ghiberti (em competição com Brunelleschi), terminando a primeira das duas portas em 1424; o seu trabalho foi admirado, e a cidade encomendou-lhe a segunda porta. Investiu cerca de vinte anos em lavrar cada uma; foi praticamente a obra da sua vida. Esta segunda porta feita por Ghiberti e quarta do batistério é a conhecida como Porta do Paraíso, batizada assim por Michelangelo e considerada um dos marcos do Quattrocento.
O segundo grande escultor deste período foi Donatello, dez anos mais novo que Ghiberti. Foi muito mais multiface na sua obra, focando-se sobretudo na figura humana. Donatello é tido na História da Arte como o precursor de Michelangelo e um artista independente, fogoso e realista. O seu maior interesse foi a figura humana nas diferentes idades, abrangendo todo tipo de tipos, gestos variados e expressando na sua obra os estados espirituais mais heterogêneos. Por outro lado, Donatello é considerado como um grande experto no tema infantil, sobretudo na expressão da alegria das crianças (tribunas das catedrais de Florença e Prato). Na escultura de bulto redondo, Donatello difundiu o retrato renascentista do busto cortado horizontalmente pelo peito e sem pedestal (como fora costume na escultura romana). Exemplos: Busto de Antônio de Narni que leva um grande camafeu no pescoço; busto em terracota de São Lourenço, representado como um diácono, na Sacristia Velha de San Lorenzo em Florença. Esta maneira de apresentar os bustos-retrato foi adotada pelos escultores do Renascimento e chegou quase até época barroca. No século XVI o busto foi-se alongando até ser cortado pela cintura. Também dentro da escultura de bulto redondo, Donatello foi o precursor da figura a cavalo (em bronze) em homenagem a um grande personagem e disposta no centro de uma praça pública. A primeira estátua equestre de Donatello foi a conhecida como Gattamelata (condottiero Erasmo da Narni).24 25 26

Fonte Gaia em Siena.
Jacopo della Quercia (morto em 1438) é o terceiro grande escultor desta escola florentina e o único do grupo que não é natural de Florença mas de Siena. Pertence à geração de Ghiberti. O seu estilo é grandiloquente e massivo, em contraste com o estilo detalhado de Ghiberti. A sua obra mestra foi a portada central de São Petrônio, em Bolonha, que começou em 1425. Trata-se de uma série de relevos representando a Gênesis e a infância de Jesus, com bustos de profetas e com a imagem da Virgem de São Petrônio. Nos seus relevos domina a monumentalidade e o tratamento de hercúleos nus, antecipando-se ao jeito de Michelangelo. Jacopo della Quercia é o autor da Fonte Gaia de Siena, dos túmulos de Ilaria del Carretto em Luca e de Galeazzo Bentivoglio em Bolonha.
O grupo da família da Robbia é encabeçado por Luca della Robbia (morto em 1482), que se dedicou ao tratamento da infância e da juventude da figura feminina. Luca criou escola, na que introduziu a técnica do barro vidriado, que foi aparecendo nos mais diversos temas, do pequeno relevo até o retábulo com copiosas figuras. Também trabalhou em mármore e em bronze. Andrea della Robbia, sobrinho de Luca, foi o melhor dotado dos seus seguidores.27 É o autor dos tondos (medalhões circulares) de crianças lavrados noSpedale degli Innocenti de Florença. O último do grupo foi Giovanni della Robbia, que era escultor -mas também decorador e ocasionalmente oleiro-.28

Lorenzo de Medici, por Verrocchio.
Andrea del Verrocchio (1435-1488) esteve muito influenciado pelas obras de Donatello até o ponto de repetir algum dos seus temas, como o Davi em Florença ou a estátua equestre do condottiero Colleone em Veneza (ambas de bronze). Verrocchio caracteriza-se pelo seu profundo estudo anatômico. Antonio Pollaiuolo foi também um bonrepresentante florentino da interpretação da energia corpórea e do movimento violento. A sua obra mestra neste estilo é Hércules e Anteio, guardada no Museu de BargelloAgostino di Duccio (1418-1481) foi também um seguidor de Donatello, imitando o seu famoso schiacciato,29 sobretudo na decoração da fachada do oratório de São Bernardino em Perugia e no templo Malatestiano de Rimini.
Outro grande escultor que trabalhou em Módena foi Guido Mazzoni (morto em 1518), cuja obra na sua maioria foi feita em barro cozido pintado, técnica que estava nestes momentos em grande auge. Uma das suas composições mais famosas foi o Pranto sobre Cristo morto para a igreja de São João de Môdena, que pela sua vez deveu influir na obra do mesmo título elaborada por Juan de Juni em 1463, por causa de uma viagem às cidades de BolonhaMódena e Florença.

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